sexta-feira, 21 de dezembro de 2012



Na flor que brotara na manhã
Regada dia a dia
Pudera sentir o acalanto da partida
Trágico e pesado, como veia desvaída.
Pétala por pétala entregue as mãos
Entrelaçavam-se os dedos
No receoso desejo que hoje afago
Criam-se asas a ternura de nossos
Segredos

Chamara de utopia em sépia
O que restará da partida
Somente enquanto jovem
No espelho se via menina.

Bebera em um gole todo amor
Que lhe dera em vida
Encontrou Deus
Ao virar a esquina.
Encontrou Deus
Voltou a ser menina.



A esquina de nossos corpos
22 de abril de 2012



quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


Sirva-me um trago de esperança
Da bela rotina vestida, adormecida.
Da valsa dançante de cada dia
Da injúria que aquece a cama
Dos recitais, não só de poesia
Dos esperançosos braços entrelaçados
Saiam versos como quem chora de alegria
Jogando a lama, libertando a alma
Fechando a ferida.

Que se amargue na boca
O gosto da maçã mordida
Da pétala mais fina
nasça outra rosa rejuvenescida.

Chama que me move
Chama-me inteiro, mão, braço, joelho...
Chama-me bem querer
Chama-me, se alastra
E depois fumaça

Farei juras ao meu maior orgulho
Serei honesto aos meus maiores segredos
Direi sem quaisquer receio.

Que amar
Amar me faz deitar em todo canto
Amar me grunhe feito móvel envelhecido
Madeira velha, gaveta vazia
Estação por estação
Dia a dia.

E meu corpo
Meu corpo se emancipa
Meu corpo fala, se excita
Meu corpo livra, se esguia.
Em silêncio declama aos gritos
Em silêncio perderas vida.

Meu corpo é a narração de fora
Do que minh'alma pede
Sem orgulho ferido
Até mesmo implora

Oh encatada aurora
Sirva-me o banquete do novo amanhecer
Sirva-me do prazer, de ser
Apenas ser, agora.



sexta-feira, 24 de agosto de 2012


A tua ausência me fere
isso é pesado dizer.
como nos badalos da passeata dos dias
Vendo alguns passos discretos caminhando ao meu lado
Tal hora parece dor, depois melancolia.
Tal hora me sinto farto e desprovido
de minha própria lucidez insana
Afago a dor dentro de uma gaveta
onde não consigo jogar no lixo.
meu amor é só uma prosa que proclama.

Se sou teu dono de volúpia em pensamento
Culpado inteiro do pior aborrecimento
de não ter, de não mais ser...
Lhe entreguei flores mordidas pelo tempo
Lhe beijei o rosto da brisa que bateu do vento.
Que soprou, e não calou
De tanto que amei,
ainda assim  carrego em testemunho
sinto-me teu amado
utópico e eterno pelo tempo.




domingo, 19 de agosto de 2012

Eu queria pegar um ônibus espacial e colher as estrelas lá em cima
Atravessar por um buraco negro e cair em cima dos seus braços
Voce sabe que nada é por acaso
Quando eu comecei sentir meu corpo formigando
Caçando as borboletas prezas no estômago

Não há pra que correr, o final da linha está fora dos trilhos
Se nos apressarmos demais podemos pegar o voo errado
E eu estou agora calmamente pousando minha cabeça no seu colo.
Quando criança pensava que se eu mirasse em direção ao crepúsculo
e corresse até perder o ar, chegaria a tempo de me aquecer um pouco.

Aqui onde eu vivo às vezes não consigo enxergar
Eu não consigo enxergar todas estrelas que queria
E então pintamos todo o quarto cheio delas.
Elas irão se apagar assim que fecharmos os olhos
Ou elas irão permanecer acesas por toda eternidade.

Se gostasse tanto de te ver com meu casaco
Diria, cai bem melhor em ti pra que dizer que não?

Borboletas que vivem em marte
Coelhos que vivem na lua.







quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Quando eu me tornei ninguém


Deixei de existir!
Senti um desejo culminante invadindo meu corpo
dizendo que eu já havia me tornado ninguém.
Ninguém ali sabia direito como aconteceu
mas de repente, eu já não participara da roda.

Voei exaustivamente por todo o céu acinzentado
queria descer, mas não havia aprendido pousar.
Encontrei algumas pessoas em tráfego contrário
quase me choquei com um deles, na contra mão.

Tarde da noite já não suportava ver tudo tão longe
Dei-me conta de quão triste me soava
Sentir-me enfim tão distante de quem eu nunca quis.

[ A dor nada mais é que a entrega ao silêncio de sua mente. ]

Quando nos deparamos com nossos próprios pensamentos, sozinhos.
Sozinho então nos tornamos enfim... ninguém. (tão claro?)
Ou tão escuro que mal conseguimos enxergar?





segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Diálogo entre mim e john lennon em uma noite estranha;
Baseado em sedas reais.







Johnny, não entendo... não entendo música em mp3
_Oras meu caro, deixe estar...Um dia há de compreender.

Mas...mas eu gostava tanto quando meu pai me punha
em teu colo, e eu adormecia com o chiado do vinil.
Quando passava para o lado B já estava adormecido.

(passado às 4h20am )

_ Acho que você precisa se desconectar disso.
Fiquei sabendo que baixaram a discografia toda minha e de minha tropa...
e veja bem, eu nem havia terminado meu cigarro.

Sim, pois é, pois é...estou farto de ouvir pessoas se referindo aos artistas
com uma formação tão empobrecida.
Nem ao certo sabem a pronuncia ou lembram-se os nomes.

_ Sim, pois é, eu nem quero mais imaginar as pessoas.
Imagine as pessoas vivendo de...

(através dos óculos pequenos seus olhos eram cada vez mais pequenos
então, num leve dispertar da brisa, virou e me disse)

_ Eu acho que havia sido em hamburgo, ou num diálogo com Robert Allen
havíamos conversado horas, lembro até hoje
ele havia dito: Se eu tiver que cantar mais uma vez, like a rolling stone
para alegria da nação
vou começar odiá-la, antes mesmo.

Isso é horrível! como pode?!
E eu que matutei horas ouvindo Ballad of a thin man
se o vê-lo por aí, diga isso por mim
Essa coisa de single, é uma relação de amor e ódio.

_ AH sim sim, claro! não o vejo muito, estão todos meio ouriçados
Ainda bem que lá não entra poluição sonora. Fazemos encontros várias vezes

Antes de johnny capotar de vez, enquanto rolava a vitrola
queimara seu casaco com a brasa do cigarrinho
Só percebi quando acordei.
A última coisa que havia dito foi:
Acho que... tudo que você precisa, é de amor!

Sacudi o cobertor, apaguei o cigarro
E tirei seu copo de whiskey
Na manhã seguinte ele havia partido cedinho
deixou recado dizendo: Hey jovem, te deixei a discografia toda
do dylan.
Aqui não tem tomada, mas quando for ouvir avisa e eu volto

p.s: descubra o segredo do mp3, e acabe com ele.

domingo, 5 de agosto de 2012

Porque parecemos ter certeza que chegou o fim
E nos doemos longos dias inteiros antecipado.
Quem sabe até chegar a hora de sentir
Nem mesmo sobre um pouco pra amargar.
Restem páginas e foto-movimentos na cabeça.
Cores e luzes familiares as daqueles dias.
E assim como coisas que parecemos ter sempre certeza
que chegarão ao fim,
nos doeremos
por mais longos e longos dias inteiros...
_Chegou a hora da despedida...ela disse.
(pausa muda no ambiente).
Levantei-me do pequeno sofá
escondendo os olhos pela sala.
Era mais um inverno rígido
Meus pés preguiçosos e sem meias estavam congelados.
Dei-a o abraço que logo então esperava.
Meu braços se afugentavam em suas costas
E quando ela disse tais palavras...
pensei: É incrível o quão palavras baixas ao pé do ouvido, podem nos coagir.
É como se por dias elas se ecoassem dentro de nossa cabeça.

Meses depois recebi uma meias pelo correio
A enviei uma carta, onde num trecho desta dizia

"...obrigado por lembrar dos meus pés, aqui já não anda tão frio, mas sei que as usarei na próxima estação (...)"

Porém, não a disse que queria me mudar dali
Que o pequeno sofá parecia menor só com um de nós
Que era quase insuportável olhar a janela de vista pra fora
Pois era onde eu sempre precisava  lavar os pratos (...)

Alguns dias depois saia frequentemente com as meias até a caixa de correio
Mas as cartas haviam parado de chegar
Com uma injúria mortal lhe enviei de volta as meias (limpas, pois não sou tão maldoso)
Descobri que Elisabeth teria ido embora desta vida
Desde então nunca mais quis meia

(pares descalços_por: henr t. farro)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Algumas pessoas não nasceram para ser suas
mas elas se acomodam um tempo pelos cantos dos cômodos.
No sofá, no espelho do banheiro, nostalgia em modo desespero.
A última bituca ainda acesa no cinzeiro.
Elas se vão pela janela, descendo pela árvore
pela porta dos fundos.
E seria ainda pior, a ver sair pela porta da frente.
E mesmo quando está de olhos fechados 
as luzes da cidade movimentam-se em sua cabeça
enquanto suas mãos formam o círculo vicioso
pra não precisar dizer a si mesmo que chamara de amor.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Vontade

Não se brota em pé de laranja
Não quando acorda de manhã
botando o pé esquerdo no chão

Espreguiçando os braços pra cima
ou encontrando palavras de definição

Vontade vem quando você vai
Quando você vai e não quer voltar
O medo de correr é só o medo de cair
Ou entrar no abismo e não saber sair

Não abrir a janela de manhã
E perder a vontade de olhar no espelho

Vontade entra quando corpo e alma se alimenta
Vontade entra quando corpo e alma se alimenta





O abajur aceso na sala de estar
Rodas de domingo pra dançar
Pondo a flor no mesmo vaso que quis quebar
O sopro do destino ninguém saberá

Como em desencontros se encontrar
Noites menos queridas
Ou na porta de um bar
No colo que aconchega na boca do lar
Sorrisos coloridos amantes solar

Que vem me encontrar

Quem me achou aqui
Quem fugiu sem despedir
Quem dormiu vendo a tv
Quem rodopiou sem cair

Rodopiou sem cair
Rodopiou sem cair
Rodopiou sem cair

[ciranda solar- por: henr t. farro]

sábado, 28 de julho de 2012

quinta-feira, 26 de julho de 2012


Retrato na cerca
por: Henr. t

Lembro-me de ter amarrado o sapato
e ao levantar, a luz baixa da janela entre aberta
que refletia na cama
mostrara os galhos secos sendo balançados.
Lembro-me de aprender olhar a hora, no antigo relógio
da sala de estar.
Não posso dizer ao certo que horas eram
mas hoje já passou tanto tempo...
Todos retratos das horas estão difusos.

"Cobre o corpo com os braços da utopia
Porque cada respiração, é um momento único na vida!"

Era o que costumara ouvir quando andava preocupado.
As cores que me lembram, a intensidade do foco de luz
Como se fossemos uma incandescência chama abstrata
tal hora acesa, tal hora se apaga, se alastra.

Porque não gritamos mais no silêncio
Não andamos com os pés na terra
Puseram a cerca no jardim onde eu corria
E o pé de manga agora é de melancia.

"Cade a marca onde eu escrevi seu nome?"
Não sinto mais medo do lobisomem
estou estritamente amedrontado pelo homem.
E agora, não amarro mais meu sapato.
Não olho mais a hora no relógio da sala de estar
Aprendi que o tempo, é a construção de cenas modificadas
E tenho medo de olhar o relógio
e ele me roubar de novo, até mesmo a fala.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

a beleza visual é relativa, e a interna uma rara virtude "pouco" preservada da sabedoria humana. 

sábado, 23 de junho de 2012

segunda-feira, 18 de junho de 2012

É esquisito mesmo
depois de um tempo quando colore o desenho
a imagem se conclui, a vista fica esclarecida
as pessoas são o que elas são!
E há tanta beleza descolorida por aí
que apenas os bons olhos conseguem vê-las.

(henr t. farro)

domingo, 3 de junho de 2012

utopia & lampejos
composto por: Henr t. farro


Quando descobre-se o sentir
Um desejo culminante de abrir asas
e voar até tocar o céu, é nascido.
Talvez o último lampejo aguardado
utópico, em correção de que
como fábulas pode ser meramente apagado
ou facilmente envelhecido.

Quando descobre-se tal sentir
descrito em minuciosos contos da vida
arrasta-se em tamanhos quarterões
filas incontáveis e cenas clássicas.
As caras nos trajes, as cores dos sapatos
vê-se a dança, o piscar dos olhos
vê-se como distante de tal monotonia

Quando descobre-se tal sentir
Feito como sacudida de lençol para cima
sentado na cadeira esperando alguém
que se encarregará de abrir a cortina.
E lá estarão pequenas epifanias do dia
lá estarão barulhos, cores e melodia.

Será o primeiro ninho aquecido no inverno
A sensação quente do aconchego
O brilho do sol quente na pele

Quando descobre-se tal sentir
os olhos se distraem e assim anseiam-se
mas o que já nem é visto com clareza
se veras uma taça ou
era um laço posto sobre a mesa

Se levam todas e quaisquer verdade
se compreende mais que suspiros fazendo-nos alarde
Torna-se a entorpecente, a póstuma clareza
composta por uma doce e suave leveza
Torna-se o livro mais encantado
o principal personagem
é encarnado

Perante todos os dias
o primeiro retorno de luz quando amanhece
até o último raio de sol
que permanece.



sexta-feira, 1 de junho de 2012


O primeiro amor é um doce desespero
tal hora do dia vem sereno, nos afaga
nos mantém coagidos a aceitar seus defeitos
até mesmo suas falhas.

Dentre os devaneios que nos corrompem
nos confundem
da efêmera
a mais doce epifania.

Vem nos saldar a noite, antes de dormir
e no clarão do acordar do dia.

O primeiro amor
quem sabe até nos torne altruísta
Talvez deixe-nos mais benevolente
és o início do seu livro encantado
são dias longos
dentre algum contentamento descontente.

Talvez proclame:
"és o primeiro pensar de todo meu dia"
seja na coberta ou pálida monotonia

És a verdade cega quando se torna envelhecido
O primeiro amor, dos tantos outros mais que vieram comigo.

És tanto, quanto às vezes queria que não fosse nada
E por fim se torna apenas um grito silencioso.
Nos acompanhando por toda longa estrada.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Essas nossas horas



Se dizes para mim assim com ar de encanto
negando aos meus olhos que não fazeis por mera encenação
me entregai a mão, o braço mas só por de cima do muro
Vista-se com aquele seu  vestido florido
Sorria ao passar frente ao espelho
Recite seus trechos de poesia 
encena pela sala de estar, quando eu chegar.

Se dizes para mim como quem não quer dizer nada
Como se fosse dizer a fala certa, na hora errada
Oras... então não me digas nada, apenas baixo minha guarda
Temos todos tempo para querer e poder dizer
Assim como todo tempo para ouvir e aprender ouvir
Não se importa a quantidade das horas corridas
Elas ja andam por si só.


Tentamos sempre encontrar o horário certo
Chegando sempre na hora menos esperada.



Pra ela é tão difícil abotoar seu casaco de botões nas costas.
Ela diz que não fica tão bonita de vestido florido
Diz que gosta do charme do meu bigode.
Acostumou-se com a fumaça do meu cigarro
quando repousa sua cabeça em meu colo.
Me enche de chamego
tenta enrolar (se possível) ainda mais meu cabelo em seus dedos.
Me diz que sente prazer, quando vou busca-la de bicicleta
e que vê até beleza, o cesto cheio de flores roubadas
só pra vê-la sorrir, quando lhe coloco uma flor atrás da orelha.

Temos em comum não ter nada de comum.
Talvez ambos só preferimos tirar os sapatos pra dançar
Pra ela é tão difícil as vezes me ver longe
Ela diz que nosso amor é como chuva em dia de sol

Repartimos sempre o mesmo cobertor curto nos dias de frio.
Dizem que o primeiro romance dura pouco mais de um dia
e que um dia para um romancista dura a vida toda.
Que o amor da sua vida passa igual filme no cinema
e em poucos instantes já se muda de cartaz.

Mas nós trocamos as lembranças pelos desejos
Sentar na poltrona para lembrar
é como tomar um whisky velho e se embriagar.
Quando se deseja, menos tempo guarda-se para a amargura
Encontrar alguém se levam dias, meses ou anos
depende do quanto espera, do quanto precisa
de quais são os planos, do que se procura.
É como a encontrar logo alí, do outro lado
virando-se a esquina está o universo.
repleto de faixas e semáforos
todos e quaisquer sinais que precise encontrar
e eu a encontrei quando em volta de tudo isso
parei de procurar.

domingo, 27 de maio de 2012

Romântico atrapalhado
por: henr. t farro

Hoje eu acordei e fiquei com os pés do sapatos trocados
mas não me manifestei quando riam e até alguém chegar dizer
"olha seus sapatos..."

Baguncei a ordem, na prateleira dos meus discos
pensei em ouvir dylan mas acabei sedendo ao chico
Foi o tiro a queima roupa
Vieram perguntar-me de tal beleza
Então eu disse "amo tanto e de tanto amar, acho que ela é bonita"

São dias em que acordo abrindo a janela
sinto que o tempo anda mais contente
dias que mal me encaro no espelho, conheço o próprio sujeito.
Eu posso gostar de te ouvir falar
até mesmo palavras frias.
me tens ontem, hoje, e em todos os dias.
No sol queimando, também em noites de garoa fina
lá, aqui, não só em doces poesias.

Repartimos o cobertor curto, esquentando os pés n'outro
depois de algumas doses de luxúria
tu cuerpo es mi cuerpo
Dias em que acordo com o sapato trocado
dias em que não dormiu do meu lado.















Eu nao preciso de muitas coisas que acham que preciso
mas preciso de muita coisa que mal sabem que preciso
talvez "os outros" nos tornem uma bela contradição
ou talvez nós mesmos nos sujeitamos a isso
e tudo, tudo que voce irá levar dentro da mala
será como abrir uma caixa de lembranças
espalhando fotos pelo ar.
lhe transformando de uma forma que ninguém
nem mesmo voce imaginaria.

(henr t. farro)

segunda-feira, 14 de maio de 2012



Digas por mero desdém
Quem espera logo ao lado
não senta no sofa domingo
nem chora vendo novela
Vai lá naquela praça
ou então canta aquarela

Tera meu afeto, carisma concreto
Se tem um vinil 60 ou mesmo
um tape do stone
E guardar no canto da sala
um magic gramofone

Fuma cigarro antes de dormir
Resenha em verso, trova ou prosa
Que suinga rockabilly
mas também samba em roda

Quem faz sala de ovelhinha
não usa marca na etiqueta
mas ninguém diz que é careta
Careta queima no trago
e de tanto em um cigarro

Vê cena de terror e começa rir
Prefere algodão doce em parque de diversões
Conhece mais do Roberto que Emoções

Mas se chorei ou se sorri
O importante é que na minha estante
Tem um disco interessante
Quem sabe mais discos que amigos
Mas não culpo, não proclamo
O clichê prossegue A vida tras quem eu amo.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Os pés frios amanhecidos já dizem
"o frio chegou, rigoroso e disposto"
me sirva uma colher de xarope da rotina
cama, mesa e banho e fecha-se a cortina (...)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Digo versos como quem proclama certa incerteza
peco por me referir aos anseios
de dia penso, a noite enxergo
sempre há expressão errônea
perante todos os meios

Doce é sentir o odor do que com amor se rega
e se choras minha amada, é que por hora basta
não é aqui que prendera o pranto
nem mesmo desconsolando-se numa escada

Volta para o ninho quieto e longe das serenatas
O canto que de lá cantava, ja não encantas, já não agrada
Não sente, nem vê-se nada
Esperar dizer-te "a amo tanto sem meros enganos"
Amar assim
quem sabe demore, dias, meses ou anos.

Mas não se apaga, como a luz do poste da frente
Não se prende como elos de uma corrente
Se vem assim, tão de repente
e dura assim dias, meses ou anos
pela frente.





sábado, 21 de abril de 2012

"O complexo nada mais é que seu medo
restrito junto a ultima gaveta do guarda roupa
A única luz baixa do abajur acesa
Um copo de café gelado em cima da mesa
Retratos  das horas funcionam como anestésicos
Em cima da escrivaninha apenas alguns papéis rabiscados
Versos envelhecidos, doce epifania dentre a dança dos dias."

(henr. t farro)

quarta-feira, 28 de março de 2012


Faça juras de amor eterno
mas não espere que isso seja verdade
Mande flores todos os dias para o mesmo endereço
mas não espere que elas vivam pra sempre
Diga do fundo do seu coração o quanto sente a alguém
Mas nunca pense em receber nada em troca
quando abrimos nosso peito, encorajados, devemos ter sabedoria
do que pode ou nao acontecer.
No final o que importa
é sabermos quão honestos podemos ser com alguém, e quanto isso irá acrescentar
a ambos.

Nunca esconda pequenas mentiras achando que sempre serão pequenas
O ser humano é incapaz de ser totalmente honesto, até consigo mesmo
Mas o que difere o bom e o ruim nao são os erros
E sim a forma com que os encaramos.
Voce pode nunca ser o que tanto deseja, mas quando cultiva amor
independente da forma, nunca faltara algo tão essencial quanto.

Ninguém, digo ninguém no mundo deve interferir
nas suas decisões, mesmo que essas sejam frustradas.
Conselhos servem apenas para ampliar seus horizontes
nunca devem ser vistos como uma pressão, e sim um caminho a mais
para ser acrescentado.
Seja forte, persistente em seus ideais
E se tudo começar a andar de trás pra frente
seu coração vai lembrar
daquele alguém tão honesto que poderá te ajudar, seja de qualquer forma.

Nós nunca estamos tão solitários no mundo quanto pensamos
O ser humano é incapaz de viver totalmente sozinho
Digo mais, toda espécie não depende apenas dela mesma
O amor está em volta de tudo, e isso não foi nenhuma explosão no espaço
que se fez originar.
É preciso acreditar que o bem ja nasceu em nós
E voce apenas deve cultiva-lo, para crescer cada vez ainda mais.

Por fim, não tente pular as etapas que a vida lhe dispõe
Viva vagarosamente, não aja como se soubesse o que vem a seguir
o desconhecido é belo.
Não se sinta culpado por sentir prazer ao que voce mesmo considera errado
voce não nasceu pra saber como agir com relação a tudo, assim então
a vida nunca seria tao prazerosa, errar é preciso pra vida fazer sentido.
Erre, erre e erre, mas aprenda sempre o dobro
Tire proveito dos seus erros
Seja um ser humano convicto de seus defeitos e qualidades, ame a SUA vida
independente de situação financeira ou amorosa, a vida se encarregará
de lhe trazer quem merece e lhe mostrar os benefícios que recebeu em troca pelos seus esforços.
O que é seu de verdade ninguém conseguirá tirar, e estará guardado a sete chaves.

A todos, uma ótima passagem pela terra ;P

sexta-feira, 23 de março de 2012

O xarope da rotina
por: henr t. farro



Um gole apenas, pra esquentar certa amargura da ressaca dos dias
Na sala o sofá me encara, dizendo: senta aqui, vê o que vai dizer a tv!
respondo, pra que? vai chover? ah eu lá quero saber...
Senta comigo, vem uma voz de fora

"Te cobrirei com meu único casaco
Temos café, temos voce, eu, e história!
Irei ler aquele livro de prosa que voce adora

Ai de mim negar
deixa o sofá "pr'outra" hora
Vai ficar quanto tempo?  __pergunto

Aí, então me passe aquele guarda chuva
nesses dias calejados pelo frio
não se pode pestanejar...um bocejo já ensopa a alegria

Mas ah, a cama solitária me dá um grito!
lá eu quero me curvar junto a seu corpo
a concha mais bonita que eu já vi

Não se mistura amor com emoção
Era o título da canção
Eu apaguei tudo, algo me soprou no ouvido
Quem sabe seria melhor, "não misture o café no xarope"
Cansei de recitar amor contando tanta dor
Assim não há remédio que possa

Põe a roupa suja na lavanderia, pois já ficou tarde pra lavar
Eu  fecho a porta quando for embora
Agora só quero valorizar meu sofá, já afundado
e ver na tv se amanhã vai chover!


domingo, 18 de março de 2012


Um esboço pode ser:
apenas uma parte interminada 
ou, um começo de uma obra bem pensada

[ Corre, corre, lá vem a chuva
molhando a calçada
Por fim, se apaga os desenhos feitos à mão
dos pedaços de tijolos que haviam
sobrado no chão ]

Eu tenho um lugar
onde uso como desafogador
lá eu sento, escrevo e vejo
faço o que posso, pra apagar toda dor

Lá não encontro nada
Não tem olhares, sorrisos...nem abismos

Só enxergo dentro de mim
Como um espelho penetrante da mente
Como bolhas flutuando ao ar
sonhos feitos sem querer voltar

quinta-feira, 1 de março de 2012

Oceano das palavras
by: Henrique t. f


Me dizes versos como quem sente
Dizes, às vezes por sentir medo

Dize-me tantas vezes com desalento
Em meias euforias, meias utopias
Dizes aos prantos seu descontentamento...

Ora, e eu o que digo em meio escrúpulos?
Acolhido aos devaneios...
Ao exacerbo da voz ativa, cansada... sussurrada...
Caprichos, rentes da palavra má expressada

Dizes, dizes... o que queres de mim agora?
Não atravessai tão longe pra tardar a ir embora!
A ser banido pela monotonia...
Aquieta-se um tempo, até encontrarmos a doce aurora.

Dize-me com ar de persuasão, ternura, tesão
Mas ah... quantas palavras, amada...
Serão efêmeras? irão deixar pegadas?

Fazei de nós uma razão
Não um motivo crente
Fazei de nós mais que uma palavra encontrada
Um oceano pacifico...
até não precisar dizer mais nada.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


Eu deixo voce descobrir
a maneira com que seu tempo tem que ser
Não posso ficar até o fim da noite
Também tenho medo de adoecer

Mas dentro do meu quarto
Só enxergo de olhos fechados
quando os abro sinto que a verdade
nos deixou parado por um tempo

Ah como espero sentado na varanda
olhando o céu sozinho
pra pensar e tentar chegar
por onde minha vida anda

Correndo com tanta pressa
Nem sei se por aqui, se vou assim
Se quero mesmo ir
Mas eu sei que se estou aqui
O desistir não me interessa

Mas eu deixo voce descobrir
a maneira com que seu tempo tem que ser
Se o seu "pra ser" é como o meu
se o meu querer é igual ao seu.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Me leve por essa porta
Me traga inteiro de volta
Me mostre o que há, que não posso ver
Me dê razões claras pra eu não endoidecer...

Eu lhe dou inúmeras razões para me virar as costas
Digo coisas, como quem tem todas respostas
Mas se me vejo em qualquer alarde
No fundo eu temo...
temo encorajar-me com a verdade

Me adormeça em seu colo
Contando ao pé do ouvido verdades sussurradas
Qualquer coisa que me descuide da monotonia
Essa preguiça rotineira só precisa quem sabe
Encontras certas palavras

Me dê, mê lê, me faça...
Por mais dolorosa seja a cama, cheia de drama
Ninguém aqui tem a razão da verdade
Pois mente, mente, e a mente se engana que é verdade (...)

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Me lembro velhos dias
Velhas pessoas, passeando em minha volta
Me lembro velha roupa
Sorrisos  raros
rara verdade solta

Me Lembro os finais de semana
Nossos corpos se fazendo de cama
Meus dedos passeando seu rosto
Despertávamos de um sonho
E logo ja íamos entrando em outro.

Lembro eu de ir para aquele salão
Passar horas sentado na mesa
A banda tocava alto
A gente dançava, girava...
Eramos tantos, de tantos
Não sobrou quase mais nada

Mas eu me lembro bem
Era final de dezembro
Tempo festeiro, tempo passageiro.
Um certo alguém até havia dito
Resolvi então que deveria assim ser escrito

Me lembro tanto, de me olhar no espelho
Cresci quando fechei os olhos e estralei os dedos
Agora eu sou lembrança, com doces verdades de infância
E uma ânsia de voltar
Para dias como aqueles eram
Dias do meu abrigo particular.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Não leve a mal, não é intencional
Mas vamos comemorar carnaval?
Pula daqui, pula de la
e eu na minha poltrona
só esperando o carnaval acabar

Da tv da pra ver tudo
Menos infelicidade em epoca de folia
No carnaval é só alegria
nao pula quem nao quer
Nao pula quem entende por que não quer

Vai o primeiro carro alegórico
Vai o vestido de cetim
vestido não... só tinta, porque carnaval é calor
é dançar, é beber, é investir no amor

Amo dentro do bolso de quem patrocina
No bolso de quem ensina
a falsa alegria, a estranha folia
Não é enredo de ódio pela pátria
Não é criar um bloco contra, por descaso
preconceito ou raiva

É acordar pra verdade,
todo carnaval um dia tem seu fim, alguém disse assim
Depois da festa, alguém tem que limpar a bagunça
por de baixo do pano, se eu não me engano
É assim todo ano, todo ano... todo ano.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

"As vezes voce olha espelho
logo pensa: sou eu que estou endoidecendo?
sou eu que estou adoecendo?" (...)

Eu tento te olhar com medo
Mas eu sinto apego
Eu tento te dar outro nome
Mas ja nem lembro como se chama
quando a gente diz amor
é que se ganha, cama, lama, me ama?

Sim, me esqueci como tu chamas
será mesmo que eu estou endoidecendo?
não entendo fulano
não faço gosto a ciclano

E aí o cenário fica todo preto e branco
o palco caido e o rosto em pranto
quem eu amo?
me ganha? na cama? na lama? me ama?

doido varrido, ou injuria cega
não sei pra que, não sei quem, e a hora certa
mas eu continuo aqui esperando com a porta entre a berta
me ganha!  na cama! na lama! me ama!
Um dia sem música
Um dia sem você
Um dia sem ver o sol nascer
Um dia a menos sem você

Um dia eu canso de arrumar o cabelo
Um dia canso me olhar no espelho
Um dia fumo um cigarro atrás do outro
Um dia meu corpo mesmo pede socorro

Um dia, um dia eu quero ser gigante
Assim quem sabe o mundo me olhe diferente
Pense assim, "olha la um gigante, correndo atrás de mim"

Um dia eu quero acordar pra vida
mas que a vida me acorde enfim
me entregue uma correspondência, com selo e tudo
me justifique as causas, danos desse mundo
desse mundo meu, meu-seu, pois

Um dia sem você
é um dia qualquer pra se viver.
Ninguém aqui na terra ensina ser gente
Calçam as botas, botinas? valente!
Não é irônia não
metaforicamente dizendo sim
a gente não põe o pé no chão, chão?

Vê que céu, vê que ar
vê de longe, é sempre o mesmo lugar?
Eu costumava andar descalço
Não nasci no mato, nao cresci na selva
era digno de sentir verdade
de pureza de criança
contos de infância...

Que hoje não vejo mais,
Não sei se ando de trás pra frente
Se esqueci de aprender ser gente

Não sei se sento e vejo tv
pra assistir, quem é que vai morrer
A curva da chegada
mas cade a velha longa estrada?

não sei, não sei... só sei
que eu costumava andar descalço
agora qualquer pisada errada
é um tiro no asfalto.


Eu olho para o mundo as vezes
como se pudesse agarra-lo em meio aos meus braços

Distraído ao passar na rua, nem vejo
Se estou bonito
se o olhar é só sarcasmo
Se é pura inocência, ou clara evidencia
do que se trata?
as vezes a gente maltrata!
Por prazer, oras que prazer?

Curto e grosso ja estou atordoado
me deram um gole de veneno
eu bebi... nao morri... mas pelas costas me tiraram sarro

e eu que quase tocava os dedos
quando tentava abraçar o mundo...
logo me desfaço, feito castelo de areia
feito flores do inverno no terraço (...)





Toda preparação horas antes da partida
A oração do torcedor
sim, pra uns um mero vicio estúpido
mas ah que torcedor fanático por seu time se importa?
pensa lá, e me deixa aqui, aqui sentado de frente pra tv
ver meu time, sofrer... sofrer...sofrer

De torcedor, viramos técnicos, árbitros, até mesmo jogador
A agonia é tanta, e na garganta se prende o grito
dentre tantas delongas, no peito se agarra na esperança

Ah "eu sou fiel, eu sou fiel, sou fiel até morrer"
Torcer no futebol em geral, é mais que um vicio "estúpido"
é nascer e saber que voce faz parte de uma nação, uma religião
(da nação de onde vim é assim)
e se tanta gente nao entende, voce nao se arrepende!

torce, grita, vai pra cima deles timão
e aos 48 do segundo tempo, sim amigo...
 Na ultima bola parada, voce sabe o que vai acontecer
seu grito preso na garganta finalmente sai
GOOOOOOL!

é disso que eu estou falando.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012



Hey where did we go, days when the rain came.
Down in the hollow, playin' a new game.
Laughin' and a runnin' 
hey hey, skippin' and a jumpin'
In the misty mornin' fog with  our hearts a thumpin' at you
tem dias que como um susto, ou um sonho
que estamos rezando pra que realmente seja mero sonho
lhe faz despertar mais cedo do que a hora

ufa... foi um sonho! relief
tic tac, tic tac... ainda é tão cedo?
uma olhada na cara no espelho do banheiro
um pouco de olheiras
café sem leite (always) feito na hora
o que realça ainda mais o sabor

Ah...dia de sol enfim
mãs, estou atento de bode expiatório
a chuva ontem foi de foder a vida
sim eu estava nela, lavando um pouco a alma (...)


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012




You said you'd never compromise
With the mystery tramp, but now you realize
He's not selling any alibis
As you stare into the vacuum of his eyes
And ask him do you want to make a deal?


Uma terça feira fria, não... apenas impressão
a garoa fina e o céu carregado com cores frias
da aparência de como se fosse inverno, mas é verão (...)

um cigarro, dois cigarros...
uma faixa de dylan, stones coisa assim
Café sem leite, quente, quente...

Mais uma encarada na chuva, GRrr
"who'll stop the rain"?
go away rain, go away now...

enquanto isso, ficarei aqui olhando da janela
cigarros e xícaras, xícaras e cigarros
até ela decidir ir embora
até parece que ela sabe que estou a esperando partir.