domingo, 5 de agosto de 2012

_Chegou a hora da despedida...ela disse.
(pausa muda no ambiente).
Levantei-me do pequeno sofá
escondendo os olhos pela sala.
Era mais um inverno rígido
Meus pés preguiçosos e sem meias estavam congelados.
Dei-a o abraço que logo então esperava.
Meu braços se afugentavam em suas costas
E quando ela disse tais palavras...
pensei: É incrível o quão palavras baixas ao pé do ouvido, podem nos coagir.
É como se por dias elas se ecoassem dentro de nossa cabeça.

Meses depois recebi uma meias pelo correio
A enviei uma carta, onde num trecho desta dizia

"...obrigado por lembrar dos meus pés, aqui já não anda tão frio, mas sei que as usarei na próxima estação (...)"

Porém, não a disse que queria me mudar dali
Que o pequeno sofá parecia menor só com um de nós
Que era quase insuportável olhar a janela de vista pra fora
Pois era onde eu sempre precisava  lavar os pratos (...)

Alguns dias depois saia frequentemente com as meias até a caixa de correio
Mas as cartas haviam parado de chegar
Com uma injúria mortal lhe enviei de volta as meias (limpas, pois não sou tão maldoso)
Descobri que Elisabeth teria ido embora desta vida
Desde então nunca mais quis meia

(pares descalços_por: henr t. farro)

2 comentários:

  1. "escondendo os olhos pela sala"... isso é tão verdade, quantas vezes a gente corre o olhar pra cantos que nunca nem reparamos só pra escapar um pouco!
    Esse texto ficou muito bom, Tinhu! Continue escrevendo...

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  2. Exatamente isso natita, muitas vezes passamos os olhos por qualquer lugar do cômodo, só para nos escondermos, para nos refugiarmos. Mas, na verdade é só um uma válvula de escape, momentânea.
    Obrigado sweet, fico feliz por ter gostado.

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