sexta-feira, 21 de dezembro de 2012



Na flor que brotara na manhã
Regada dia a dia
Pudera sentir o acalanto da partida
Trágico e pesado, como veia desvaída.
Pétala por pétala entregue as mãos
Entrelaçavam-se os dedos
No receoso desejo que hoje afago
Criam-se asas a ternura de nossos
Segredos

Chamara de utopia em sépia
O que restará da partida
Somente enquanto jovem
No espelho se via menina.

Bebera em um gole todo amor
Que lhe dera em vida
Encontrou Deus
Ao virar a esquina.
Encontrou Deus
Voltou a ser menina.



A esquina de nossos corpos
22 de abril de 2012



quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


Sirva-me um trago de esperança
Da bela rotina vestida, adormecida.
Da valsa dançante de cada dia
Da injúria que aquece a cama
Dos recitais, não só de poesia
Dos esperançosos braços entrelaçados
Saiam versos como quem chora de alegria
Jogando a lama, libertando a alma
Fechando a ferida.

Que se amargue na boca
O gosto da maçã mordida
Da pétala mais fina
nasça outra rosa rejuvenescida.

Chama que me move
Chama-me inteiro, mão, braço, joelho...
Chama-me bem querer
Chama-me, se alastra
E depois fumaça

Farei juras ao meu maior orgulho
Serei honesto aos meus maiores segredos
Direi sem quaisquer receio.

Que amar
Amar me faz deitar em todo canto
Amar me grunhe feito móvel envelhecido
Madeira velha, gaveta vazia
Estação por estação
Dia a dia.

E meu corpo
Meu corpo se emancipa
Meu corpo fala, se excita
Meu corpo livra, se esguia.
Em silêncio declama aos gritos
Em silêncio perderas vida.

Meu corpo é a narração de fora
Do que minh'alma pede
Sem orgulho ferido
Até mesmo implora

Oh encatada aurora
Sirva-me o banquete do novo amanhecer
Sirva-me do prazer, de ser
Apenas ser, agora.