segunda-feira, 9 de dezembro de 2013



Metamorfoseava









Seca a árvore,
Debaixo de onde eu sempre passava.
Eu, já diferente me encontrava.
Digo,
antes da árvore, [metamorfoseava.

Ela também mudara a afeição
Eu vi chorar a árvore
Em um declínio evasivo
Saltara as veias pelo chão.

Diria eu aos meus botões:
O chão prendera a árvore,
E o céu prendera o chão?

Perdurava-se como suposta hegemonia
De Deus, deuses, semideuses e seus guardiões.
Mas claro, por cansaço, no final era o homem
Criador do céu e chão.
Causador da tênue ligação de explicações.

A resposta cabe em um fio
E em um fio, geram também as contradições.

De nada mais adiantava
Era passado toda aquela ligação.
Seca a árvore estava.

Era um tempo inexistente, pura invenção.
Era um pensamento vago
E vagou-se em vão.












sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Em nenhum lugar mora





Meu coração soluça e queixa-se
Diz-me a cabeça
Que nele, pouco apreço mora.

O efêmero suspiro
Acompanha o badalar das horas.
Esse parece não se importar
Se apressa a quem lhe implora.

Meu coração se encolhe;
Em um grito intrínseco ecoa
A saudade chora
A vontade voa.

Se em um subterfúgio
Pudesse amanhecer ao nascer de aurora
Todos esses dias iguais me bastariam agora?

Nada nunca está vazio
Mesmo no peito onde nada mora
Na árvore de galhos finos e tortos
Na rocha imóvel no alto do penhasco
Luta, mas lá, para sempre mora.

Vazio só meu pensar
Que vai  sem pressa alguma.
Sem utopia ou amargura
Sereno e manso pelo ar.
Pensa o pensar:
Ah...que vontade de ir embora;
Esse sim vive a estar em toda parte
Esse sim em nenhum lugar mora.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013



















__  estou muito ocupado agora
__  com o quê?
__  com meu pensamento existencialista.
__  não seja tolo, pare de pensar e comece a agir - porque não ajuda alguém, por exemplo?!
__  Eu ajudo como posso! Além de quê, tenho muito assunto pendente com meus botões. O mundo pode acabar para mim e aí?!
__  Aí que você não é nada, e nada disso é real. Aí que o que será é sempre o que você nunca foi ou será. Aí que é tarde...sempre tarde para outra coisa qualquer - que não seja pensar em qualquer outra coisa atoa. O agora não é de ninguém, e o que você compreende na vida, não é nada - apenas um querer qualquer - um capricho momentâneo do seu estado emocional.
__  a é? mas que se dane, vou fazer o que eu quero
__  e então...o que você quer? Têm desejado tantas coisas...não vê que a vida é a peça irônica do seu palco?
__  Pelas mil léguas! Que raios então quer então que eu faça?
__  nada, apenas faça.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013











Seu gosto, meu gosto
Se gosto não desgosto
Se agosto, se novembro
Por ti cá estou sempre disposto.
Tal hora amargo, às vezes até grosso
Mas sou seu eterno moço
Como cão que não vive sem seu osso.
Ouço.
Palpite-me ao pé do ouvido
Palavras de conforto,
Mesmo o amor sendo assim às vezes torto.
Na cama, no banho, na grama
Ama, chama, enfim declama
Mas imploro, fica.
Que desse gostar nada e ninguém explica.

Fica.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Presta atenção no que não vê, 
No que não ouve, 
No que não sente. 

Presta atenção em tudo, 
Tudo que não está a sua frente. 

Hábitos costumeiros tendem sempre causar enjoamento; 
Presta atenção em você 
Não no que do lado está em movimento. 
Presta, porque só você diz quando chegou a hora.
Quando vai-se tudo embora.


Tudo que lhe cansa é por falta de verdade; 

Se de sua parte, se doutra parte. 
O que importa é que já passou da idade. 

Presta atenção no que é certo 
Não está aqui escrito,
não está em deus, não está no vento. 
Presta atenção no que sua mente pede e você ignora; 
Anda, vá... 
Antes que amanheça e acabe a aurora. 

Diga a si mesmo, por favor, presta atenção. 
Meu coração é meu,
antes de para qualquer ser entrega-lo. 
Quando alguém vier busca-lo, que esse esteja certo; 
Sou de mim, rei eterno de qualquer entendimento. 
Sou de mim e dou-me a outro, sem quaisquer aborrecimentos. 

Mas ora, presta atenção; 
Vossa lábia não me doma, 
Nem dispõe do néctar que de uma única nascente jorra 
Coloque-se no seu lugar e depois me diga 
Prestou atenção? 
Então prossiga, porque nunca é demais saber de si.
Só assim não nos compararemos com o outro
Só assim
de nós saberemos mais um pouco.








quinta-feira, 13 de junho de 2013



















é tão bom que irá encontrar a perfeição
irá virar um anjo em vida
irá desejar ter asas e voar
isso o deixará insatisfeito
e ele deixará de ser perfeito, de novo.







sábado, 8 de junho de 2013


A pessoa que é de todo sorriso
Têm os lábios mais macios
Neles moram cores, sabores, amores
e  nascem os calafrios.

A pessoa que é de todo sorriso
pode ser pobre,
mas não de espírito.
Vê-se em seus sorrisos
qualquer coisa,
menos motivo nenhum
dentro de si lhes é descrito.

A pessoa que é de todo sorriso
Se parece a luz mais bonita
refletida em nossa janela
Se parece tão verdade
a ser inacreditável.

A pessoa que é de todo sorriso
Não sabe disso, nem nunca aprenderá
Não existe a falsa/i dade para sorrir
Elas não inventaram um jardim
pois já sempre estiveram entre as flores.

Esses raros sorrisos que nos acompanham
Mesmo no dia do seu embarque
Vão sem saber que estão ficando
Vão sem saber se eternizando.
Vão sem saber...
deixar saudade.






quarta-feira, 5 de junho de 2013

Como é bonito olhar o céu
Noites claras
Como a pele em que me aconchego.
Um campo escuro cercado de vaga-lumes.
A brisa fria
Que fazes a brasa aumentar mansamente.

O repouso sagrado e necessário
Qual nos aflige da cabeça aos pés

Com que esplendor amanhece o dia
Silencioso e lento no despertar do sonho.
Agraciada sensação da mente
Gozando para fora
O quão a alma se está contente.

Que venha mansa e serena
As palavras que serão palpitadas
Ao pé do ouvido.
Faremos da terra e do céu,
Um corpo apenas...
Desdobrando-se
Pelos galhos secos que se farão floridos.

Como é bonito te ver entre tudo isso
minha pequena
dona de meus mais divinos apegos.







_Soneto para mãe luz


terça-feira, 4 de junho de 2013

O corpo vazio
é o desperdício de não estar nu
Esse não sente a brisa da calmaria passar
Pelas correntes e curvas que sua pele habita.

O corpo vazio é feito de cera
na brasa quente se perde e evapora.
Ele implora e grita, mas não para fora
Não sente dor, nem mesmo chora.

Esparrama-se em seus desalentos pelos cantos
não sente fome,
Não quer ver nascer aurora.

Em todo inverno murcha a rosa
Beija-se os lábios secos da saudade quente
No suor da pele que se molha

No mesmo inverno é onde mais se goza.
Mas em rodeios o corpo vazio se inerte
Com todo peso em suas costas.

O corpo vazio não tem sede, não tem fome
O corpo vazio é o homem.



sexta-feira, 17 de maio de 2013


película ocular.








Os olhos passeiam em meu corpo todo
Alguns me tiram até a última peça de roupa
Outros me jogam dentro de um cesto de lixo.
Alguns não me veem e me atropelam.
Eu morro...
E continuo sendo o que todos estão dizendo.

[É então que no meio da multidão alguém me vê
Me toca, me sente, antes mesmo de chegar.
Uma luz abriu-se para nós no meio da rua,
Indicando a direção para fugir.
Fugimos, nos beijamos, transamos...sem falar nada
Ainda assim havia mais verdade ali
Do que ouvia-se falar de língua em língua.
Havia mais verdade posta ali, do que em qualquer outro lugar.]

Eu só posso ser o que estão dizendo
Enquanto isso, estou sendo o que nem eu mesmo sei dizer
Encontro-me as escondidas com desconhecidos
Sim, é verdade...não conheço e não sei quem é ninguém.
Os corpos são realmente estranhos
mas os seus formatos tem mesmo razão.
Quanto a minh'alma, mantenho encontros casuais
com aquelas pessoas que não dizem nada.
Tirando o lado hipotético disso
continuo colecionando fotos de pupilas
e tentando entender porque a borboleta que é tão mais legal que o homem
vive apenas 24 horas

domingo, 21 de abril de 2013





Algo de estranho aconteceu
O copo vazio enchia a mente de pensar.
E foi...se perdeu no olhar
O que mais teme ver, além de ouvir
é ver e não escutar.
Melhor ir dormir.
E lá estava o copo vazio no mesmo lugar
Mudam-se as estações,
Mudam-se pessoas
A mente também chora
O que era dolorido passa
E vem outro copo no lugar
Foi tanta mágoa presa
que se tornou presa do olhar.
Enfim o copo um dia quebrou
Encostou o braço
Nada mais restou.
Olhar aquilo também doía
Copo quebrado, mente vazia.


sexta-feira, 19 de abril de 2013

só, sem solidão









Já fui mais feliz com a solidão
Dela fiz um samba
Dancei pra aquietar o coração 
Já fui mais feliz com a solidão
Mas hoje ela já não sabe cuidar de mim
Me entrego aos versos mais frios
Que a brisa do vento pode trazer
De nada vale todo esse sofrer
Ninguém no mundo irá pagar pra ver
Já fui mais feliz com a solidão
Fecho a porta e não a deixo mais entrar
Antes só, do que só com a solidão.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Passarinhando







Você arranha meus desejos
No suave carinho dos seus dedos
A cada vez que te olho com sede
Devora minha alma com pequenos goles de poesia
Que brotam dos teus lábios.


Por ti, não poetizei nossas rimas em nenhum botequim
A árvore seca que acompanha meu copo de Whiskey pela janela
Também chora a ausência de uma flor amarela.

Quem dera eu passarinho, indo até sua porta
Meio a um assovio lhe cantar
Bem te vi, bem te vi
Bom te ver, passarinhar.

Me prendes em segredo
Feito letra sem melodia...ainda fria.
Passa efêmera como estrela no céu
Feito bolha flutuante
Um sonho antigo
Feito em barco de papel.

Como o sol macio do final da tarde
Em contrastes coloridos
Deixando rastros nas nuvens
Partindo sem deixar alarde.

Bem te vi...
Bem te vi...
Bom te ver, passarinhar.



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

"Rimática desconsolada"




Palavras às vezes não dão em nada
Pelo pequeno vão das janelas
São onde os suspiros se exalam
Segundo a segundo, em nós são escritos
Em nós se calam.

Foi o quarto.. será? foi o teto
a sombra refletida no azulejo?
Foi a cama, o cobertor,
foi nos olhos que tivemos medo?
...de não tornar mais vê-los.

Quem derá fosse a luz esquecida acesa
O copo esquecido a mesa
Pois foi seu grito que calou a rua
Foi o cheiro da sua pele nua

Doei -te meus abraços
Doei-te na saudade
Acordei-me de um sonho
que não queria alarde

Já não é mais outono
Te cantava nas flores,
Te cantava calado
Te esparramei nas ruas
Beijei-te por outro lábio

Te inventei nos filmes
te evitei nos dias
Me lancei no mundo
E agora restou-se apenas poesia
Rimas pobres, rimas frias.




terça-feira, 1 de janeiro de 2013




Eram dias de alegria abundante. 
Eram como overdoses de excitações
Reinavam em forma de doce fantasia. 
Éramos como calor e frio
sempre vestidos no mesmo casaco 
Emergidos pelo calor de nossa pele 
Queimando rapidamente como brasa de cigarro. 

Me proibia de toda/qualquer efemeridade.

Algo grande fazia-me voltar
nas luzes amareladas da avenida .
Até mesmo o som do respirar,
nas nossas corridas em volta do parque 


E foi-se com a ferida.
Partiu mesmo despida,
abandonou as roupas pelo chão 
Os sapatos também jogados
de nada valia naquela hora a emoção.

[ Pés descalços pela saída do jardim 

Saíram para longe, longe de mim... 
Flores foram vencidas pela nova estação 
Estações das ondas, do trem, amor, verão. 

São partes do cenário do nosso filme
Que por fim ficou restrito
Em mim, utópico 
Em mim, eternamente escrito.]