segunda-feira, 10 de março de 2014

Oceano Particular






Predomina em mim como força soberba quando mar abranda.
Correnteza brava que decepa
Fragmentos que minh'alma  chama.

Força maior não vistes
Eu, eterno filho da natureza, por natureza.
Sentir a morte mais de perto
É o silêncio intrínseco, que vagarosamente nos toma conta.
Na agitação daquele instante
De nosso ser tão insconstante.

No silêncio inerte que predomina a tudo
Morremos mais em vida que na morte.
A morte é surda, quieta e constante
um câncer qual não sentimos, nem o percebemos.
Uma dor se partindo para não mais doer
Para não mais adoecer.

Viver é amar a utópica descompreensão
De que força maior nós somos
Estrelas inquietas que hanitam o chão.

Não amedronta-nos a morte, pálida e fria
Nos derruba antes
Os sentimentos desleais com tanta hegemonia.

Parte-nos como árvores sem retirar por inteiro a raiz
Deixa-nos em pedaços de galhos secos
E alguns novos florescendo, levando junto a cicatriz.

Cicatriz que já é morta
Mas machuca sem doer.
E dói no fundo da alma
Que é para cansar de adoecer.

Libertar é, evaporar-se e imergir-se em nosso interior por inteiro.
Até não existir mais razão alguma
Até não sabermos nada,
Do mundo inteiro.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013



Metamorfoseava









Seca a árvore,
Debaixo de onde eu sempre passava.
Eu, já diferente me encontrava.
Digo,
antes da árvore, [metamorfoseava.

Ela também mudara a afeição
Eu vi chorar a árvore
Em um declínio evasivo
Saltara as veias pelo chão.

Diria eu aos meus botões:
O chão prendera a árvore,
E o céu prendera o chão?

Perdurava-se como suposta hegemonia
De Deus, deuses, semideuses e seus guardiões.
Mas claro, por cansaço, no final era o homem
Criador do céu e chão.
Causador da tênue ligação de explicações.

A resposta cabe em um fio
E em um fio, geram também as contradições.

De nada mais adiantava
Era passado toda aquela ligação.
Seca a árvore estava.

Era um tempo inexistente, pura invenção.
Era um pensamento vago
E vagou-se em vão.












sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Em nenhum lugar mora





Meu coração soluça e queixa-se
Diz-me a cabeça
Que nele, pouco apreço mora.

O efêmero suspiro
Acompanha o badalar das horas.
Esse parece não se importar
Se apressa a quem lhe implora.

Meu coração se encolhe;
Em um grito intrínseco ecoa
A saudade chora
A vontade voa.

Se em um subterfúgio
Pudesse amanhecer ao nascer de aurora
Todos esses dias iguais me bastariam agora?

Nada nunca está vazio
Mesmo no peito onde nada mora
Na árvore de galhos finos e tortos
Na rocha imóvel no alto do penhasco
Luta, mas lá, para sempre mora.

Vazio só meu pensar
Que vai  sem pressa alguma.
Sem utopia ou amargura
Sereno e manso pelo ar.
Pensa o pensar:
Ah...que vontade de ir embora;
Esse sim vive a estar em toda parte
Esse sim em nenhum lugar mora.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013



















__  estou muito ocupado agora
__  com o quê?
__  com meu pensamento existencialista.
__  não seja tolo, pare de pensar e comece a agir - porque não ajuda alguém, por exemplo?!
__  Eu ajudo como posso! Além de quê, tenho muito assunto pendente com meus botões. O mundo pode acabar para mim e aí?!
__  Aí que você não é nada, e nada disso é real. Aí que o que será é sempre o que você nunca foi ou será. Aí que é tarde...sempre tarde para outra coisa qualquer - que não seja pensar em qualquer outra coisa atoa. O agora não é de ninguém, e o que você compreende na vida, não é nada - apenas um querer qualquer - um capricho momentâneo do seu estado emocional.
__  a é? mas que se dane, vou fazer o que eu quero
__  e então...o que você quer? Têm desejado tantas coisas...não vê que a vida é a peça irônica do seu palco?
__  Pelas mil léguas! Que raios então quer então que eu faça?
__  nada, apenas faça.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013











Seu gosto, meu gosto
Se gosto não desgosto
Se agosto, se novembro
Por ti cá estou sempre disposto.
Tal hora amargo, às vezes até grosso
Mas sou seu eterno moço
Como cão que não vive sem seu osso.
Ouço.
Palpite-me ao pé do ouvido
Palavras de conforto,
Mesmo o amor sendo assim às vezes torto.
Na cama, no banho, na grama
Ama, chama, enfim declama
Mas imploro, fica.
Que desse gostar nada e ninguém explica.

Fica.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Presta atenção no que não vê, 
No que não ouve, 
No que não sente. 

Presta atenção em tudo, 
Tudo que não está a sua frente. 

Hábitos costumeiros tendem sempre causar enjoamento; 
Presta atenção em você 
Não no que do lado está em movimento. 
Presta, porque só você diz quando chegou a hora.
Quando vai-se tudo embora.


Tudo que lhe cansa é por falta de verdade; 

Se de sua parte, se doutra parte. 
O que importa é que já passou da idade. 

Presta atenção no que é certo 
Não está aqui escrito,
não está em deus, não está no vento. 
Presta atenção no que sua mente pede e você ignora; 
Anda, vá... 
Antes que amanheça e acabe a aurora. 

Diga a si mesmo, por favor, presta atenção. 
Meu coração é meu,
antes de para qualquer ser entrega-lo. 
Quando alguém vier busca-lo, que esse esteja certo; 
Sou de mim, rei eterno de qualquer entendimento. 
Sou de mim e dou-me a outro, sem quaisquer aborrecimentos. 

Mas ora, presta atenção; 
Vossa lábia não me doma, 
Nem dispõe do néctar que de uma única nascente jorra 
Coloque-se no seu lugar e depois me diga 
Prestou atenção? 
Então prossiga, porque nunca é demais saber de si.
Só assim não nos compararemos com o outro
Só assim
de nós saberemos mais um pouco.








quinta-feira, 13 de junho de 2013



















é tão bom que irá encontrar a perfeição
irá virar um anjo em vida
irá desejar ter asas e voar
isso o deixará insatisfeito
e ele deixará de ser perfeito, de novo.