quinta-feira, 26 de julho de 2012


Retrato na cerca
por: Henr. t

Lembro-me de ter amarrado o sapato
e ao levantar, a luz baixa da janela entre aberta
que refletia na cama
mostrara os galhos secos sendo balançados.
Lembro-me de aprender olhar a hora, no antigo relógio
da sala de estar.
Não posso dizer ao certo que horas eram
mas hoje já passou tanto tempo...
Todos retratos das horas estão difusos.

"Cobre o corpo com os braços da utopia
Porque cada respiração, é um momento único na vida!"

Era o que costumara ouvir quando andava preocupado.
As cores que me lembram, a intensidade do foco de luz
Como se fossemos uma incandescência chama abstrata
tal hora acesa, tal hora se apaga, se alastra.

Porque não gritamos mais no silêncio
Não andamos com os pés na terra
Puseram a cerca no jardim onde eu corria
E o pé de manga agora é de melancia.

"Cade a marca onde eu escrevi seu nome?"
Não sinto mais medo do lobisomem
estou estritamente amedrontado pelo homem.
E agora, não amarro mais meu sapato.
Não olho mais a hora no relógio da sala de estar
Aprendi que o tempo, é a construção de cenas modificadas
E tenho medo de olhar o relógio
e ele me roubar de novo, até mesmo a fala.

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